Escolhi o sábado para falar do que menos me canso de fazer: TRABALHAR. Enquanto muitos preferem esquecer que esta rotina existe eu venho até aqui dedicar todos os meus neurônios para traduzir da melhor forma “o que sinto pelo meu trabalho”.
Falar sobre nossos sentimentos nem sempre é tarefa fácil, porque todos nós sabemos que quando o sentimento é puro e verdadeiro, não conseguimos descrever em palavras o que de fato ele é e muito menos da onde ele vem. Já tive meus falsos dias de glória onde não fazer nada e ainda ganhar para isso me deixava com aquela sensação de RAINHA DE SABATH, sabe? Mas foi quando o povo descobriu que eu trabalhava lá é que a coisa começou a ficar gostosa de verdade. É um trabalho stressante ao extremo. O telefone não para de tocar, são diversas pessoas que você conhece todos os dias e que precisam de sua ajuda. Apresentam-lhe problemas dos mais diversos possíveis e além de passar as informações mais precisas para dar opções para solucionar o caso, muitas vezes temos que ser pscicólogos. A parte boa é toda a satisfação do mundo em saber que você está ajudando a pessoa a resolver pelo menos parte de seu problema e desburocratizando ao máximo todo o processo. Confesso que o que nos mantém em pé são as pessoas que ali trabalham. O bom humor é fundamental em qualquer local e situação e parece que lá as pessoas sabem o real significado que isso tem para todos nós. O que acaba quebrando o stress e a correria, são algumas frases que escutamos durante todo o dia que “quebram nossas pernas” e que por pior que esteja sendo sua tarde você abre aquele sorrisão e tudo fica bem novamente.
Se você chegar depois das 10 da manhã, além de ouvir um BOA TARDE ao invés do BOM DIA você ainda vai ver duas pessoas comentando ao seu lado BEM ALTO: Vamos almoçar?
Com certeza não para aí… A pessoa que ouviu o BOA TARDE fatalmente responderá: É que eu passei na CASA VERDE antes (bairro onde as duas pessoas moram com suas respectivas esposas.)
Se uma pessoa te perguntar onde é o banheiro e você indicar falando: É A SEGUNDA PORTA, vai levar uma *bronca* de seu colega que vai dizer: DEIXA A PESSOA ESCOLHER EM QUAL PORTA ELA QUER ENTRAR!
Se uma pessoa pede uma caneta emprestada você logo escuta: NÃO TEM MATERIAL DE TRABALHO? Ou ainda quando pegar a tal caneta se ela fizer a maior bagunça na mesa a pessoa responde: AINDA BEM QUE NÃO ME APAIXONEI POR VOCÊ, já pensou a bagunça que você faria lá em casa?
Fora quando você chega de cabelo molhado e tem que ouvir que “você veio direto”, ou quando você chega resfriada e tem que ouvir “ar condicionado e banheira causam isso mesmo”, ou ainda quando você tá lá quieitinha no seu canto trabalhando toda concentrada ainda tem que ouvir seu colega comentando com o outro de você: “É, eu vou heim!” E quando você olha já dando risada ele fala pro outro: “Só pra tirar a zica, sabe como é né.” Não tem como não rir, porque as frases vem acompanhada de caras e bocas e encenações incomparáveis. Além de tudo isso, cada SER que trabalha lá tem um celular anexado às campainhas mais engraçadas. Um sapo começa a emitir sons. Uma pessoa grita: “de quem é o celular do brejo?”. Ou quando você vai ao banheiro e quando volta está todo mundo em pé com as mãozinhas pra cima, dançando ao som do *seu celular* que tem toque de música eletrônica e está em cima da mesa tocando sem parar. Tem o celular que toca a música tema da novela das oito e o povo grita “O ferraço tá ligando”. E tem o James Bond que liga todo dia também para uma moça. Alí, meus caros, cada cena é um CLICK! O povo não perde uma, tem que ser rápido para dar a resposta certa. Costumo dizer que lá é onde eu faço meu PHD.
A grande maioria já é casado, tem filhos, contas para pagar e vive numa correria constante e stressante durante todo o dia. Se você não tiver um ambiente de trabalho legal, onde pode dar boas risadas, fazer suas piadinhas mas aguentar as tantas outras que vão lhe fazer, com toda a certeza de ALLAH você não aguentará por muito tempo. O importante é conviver com pessoas assim, onde o bom humor e o respeito é totalmente enfatizado e que estão sempre alí, para te ajudar quando necessário. É claro que como em qualquer outro lugar, sempre terão pessoas que se parecem mais com você, outras que não estão muito interessadas no que você pensa e aquele ritmo de competição que não deveria existir, pois sabemos que tem espaço para todo mundo e todo mundo pode se destacar de acordo com suas principais competências, mas são estas coisas boas que nos fazem apertar o botão e enxergar como é gostoso fazer o que gostamos e ainda de quebra ao lado de pessoas que estão ali por amor a profissão. Amo o que faço. Descobri e faço uso de meu Ócio Criativo. Você ainda tem dúvidas disso?
Eu sou um entusiasta do ócio criativo! Só que não gosto de trabalhar, não. Trabalho porque tenho que comer e comprar uma cervejinha de vez em quando.