Eu juro que ia começar dizendo que *na minha época…* e pananãm, pananãm. Mas bateu um vazio dentro de mim, algo que prefiro nem comentar, mas que fez eu me achar uma *garotinha* bem *crescidinha* neste exato momento (pra não dizer que acho que estou ficando velha). Não. Não estou ficando velha. Sou pequenininha ainda, poxa!
Para melhorar, usarei o termo *na minha infância*!
Como eu ia dizendo, não no meu tempo, mas na minha querida infância, haviam coisas com muito mais qualidade. Os desenhos animados eram muito melhores. Não tinha guerrinha e não viravam jogos de viodegame ou filmes depois. Quem não se lembra do Squiter, da Paty Maionese, do Doug Funny, do Glub Glub, dos Smurfs, do Cavalo de Fogo, da Caverna do Dragão e nosso incrível Mestre dos Magos, do Bambalalão, do Catavento, do Rá-tim-bum!, do Carrossel, do Sirilo “eu só quis dizer”, da TV Colosso, do programa do Hugo que só dava ocupado e a gente ligava pra brincar com o trenzinho na TV e salvar a familia dele, com o Mundo de Beackman que fazia experiências e nos ensinava como as coisas funcionavam, do Lester, da Moranguinho, do He-man.
Algumas coisas podemos ver ainda, como Família Dinossauro, Mundo da Lua, Castelo Rá-tim-bum, mas a maioria das coisas se perderam. Eu sou uma das incontáveis criancinhas que passava o dia assistindo TV Cultura, que sonhava em conhecer a Xuxa e ser uma das crianças que ela chamava pra tomar o café da manhã com ela. Ficava impressionada em ver ela sentada numa montanha de cartinhas, viajava com os desenhos e brincava de boneca, por vezes fazendo as plantinhas do jardim da minha avó serem comidinha para elas. Todas estas coisinhas contribuiram para eu ser quem sou hoje, porque nos fazia viver em um mundo de fantasias, sonhar, desejar, querer e fazer por onde para conseguir. Brincávamos de casinha, de escolinha, de jogos que ganhávamos no natal onde tínhamos que descobrir as palavras, administrar bancos, usar o raciocínio. Hoje vivemos banalmente em uma fase onde as crianças com 4 anos já pensam em ter um celular (como passou na reportagem do Fantástico à pouco), vivem grudadas nos videogames, passam o dia na frente dos computadores e encontram os amiguinhos para irem ao shopping (coisa que eu só comecei a fazer com meus 13, 14 anos). Pulam a fase gostosa do brincar de bola e de boneca, de andar de bicicleta e conversar pelo portão. De ir ao parquinho do prédio brincar de balança, de esconde-esconde, de pega-pega, de polícia e ladrão. Não usam a criatividade. Apenas assistem filmes-desenho de guerras, brincam de jogos de combate no videogame, e procuram códigos para jogos no computador. A tecnologia é infinitamente compensadora porque nos faz termos acesso a todo tipo de informação e nos faz suprir necessidades instâneamente no nosso profissional. Mas fez as crianças trocarem as enciclopédias e bibliotecas pelo Google e as folhas almaço e as cartolinas dos trabalhos práticos da escola que levamos horas para fazer, colar, recortar e depois adorar por projetores e impressoras. É ótimo, é inovador, é prático, é o nosso HOJE. Mas dificilmente vamos ver nossas crianças sonhando em serem princesas, sonhando com o príncipe encantado e brincando do que querem ser quando crescer. Uma realidade que nos faz bem e nos tira o prazer da dificuldade de conseguir, que hoje não mais temos pela facilidade do encontrar. Uma pena. Mas tenho muito orgulho da infância que tive culpa do que sou hoje, a infância que me deu base para correr atrás do que quero. Sem limites.