Terminei a faculdade. E agora?

Enfim, depois de um longo e tenebroso inverno, atendendo aos pedidos do Rodrigo Uhry eis que surge o texto sobre a traumatizante frustração de se afastar dos colegas da faculdade, pós formação. Aí vai: Ano novo, vida nova e, para alguns, rotina nova também.  Muitos que estavam em uma incrível rotina durante quatro ou cinco anos, terminaram a faculdade no finalzinho do ano passado e para estes, 2009 significa mudança radical. Adeus turma, adeus cervejadas no bar da frente, adeus reuniões após a aula, adeus viagens com a galera da faculdade, adeus filas na xérox antes da prova, adeus e-mails com os lembretes das aulas, adeus professores, adeus sala de aula, adeus catraca, adeus filas na secretaria (tá começando a melhorar, heim), adeus boletos para pagar (agora tá ficando quente!), adeus noites trancafiados na faculdade (pronto! o trauma acabou!). É. Tudo tem começo, meio e fim e os bons tempos de faculdade são apenas uma das muitas fases boas que ainda estão por vir. Fato que somos acostumados a nos acostumar e a convivência faz com que o trauma seja ainda maior. O importante é aproveitarmos sempre todas as fases de nossas vidas, tudo é um tremendo aprendizado. Os bons colegas, acabam tornando-se bons amigos. Fato também que muitos perderão contato por morar longe, por correr para outros lados. Mas de tudo tiramos uma lição. E o importante é a sua formação, é o grande profissional que você se tornará. Depois vem a pós-graduação, os cursos de línguas, os esportes, os bares com novas turmas e tudo fica bem novamente. O importante para superar estas mudanças repentinas é não ficar parado. Procure novos cursos, novas atividades onde com certeza conhecerá muita gente bacana. E os colegas da faculdade? Pode ter certeza que os melhores ficarão e não deixarão a distância aumentar!

FRASE CARTORÁRIA DO DIA

Lavrar é fácil, difícil é registrar…

Andar de ônibus: Aventura master!

Andar de ônibus é muito mais do que simplesmente ser transportado da base ao seu destino. É uma alegria constante. Uma satisfação imensa. Praticamente uma escola móvel. É tanta groselha que você escuta, é tanto tipo de gente que você vê que sinceramente não tem como você esquecer que não está sozinho no mundo. Mais variedades só mesmo aqui no centro de São Paulo, lugar que eu muito amo, lugar que eu me super divirto. Estava EU encostada num canto MEGA ISOLADO no buzão (degrau da porta que não abre) quando ao meu lado surge um ser de um metro e meio com uma caixa de papelão, o qual ele coloca no meio das pernas (dele, é claro). Ao lado dele uma jovem senhora que pelas características provinha da mesma cidade que ele. Aí eis que começa um incrível e deslumbrante diálogo que me rendeu boas risadas. Confesso que quando estava quase chegando no ponto que eu deveria descer eu realmente fiquei chateada. JOVEM SENHOR: Oxi, esse povo do buzão é tudo dodjo. JOVEM SENHORA: Mas não é que é mesmo JOVEM SENHOR: Sabe que eu trabalho com gesso né, sou gesseiro, machuquei minha coluna quando caí do andaime semana passada. JOVEM SENHORA: Nossa, então porque você não pede lugar para alguém para sentar? JOVEM SENHOR: Não, não gosto de pedir lugar, prefiro ficar em pé depois sento no degrau EU:  Quer sentar aqui? (antes eu não tivesse puxado um pseudo-assunto) JOVEM SENHOR: Não, pode ficar, quando você descer eu sento EU:  Pode sentar, eu fico mais para lá… JOVEM SENHOR: Não, moça, a gente tem que ficar em pé pra crescer né, eu sou forte, trabalho com gesso. JOVEM SENHORA: Sabe que meu irmão também já caiu do andaime, quebrou a perna! EU PENSANDO: incrível como as pessoas tem tragédias parecidas JOVEM SENHOR: É, andaime é perigoso, mas é que eu trabalho com gesso, sabe, sou autônomo, trabalho pra mim mesmo, faço gesso, sou gesseiro! EU PENSANDO: Realmente ele tem muito orgulho do que faz, repetiu isso umas 37 vezes num percursso de 15 minutos JOVEM SENHORA: Nossa, deve dar um trabalho danado por gesso! JOVEM SENHOR: (abre a carteira, retira um cartão e mostra pra jovem senhora) JOVEM SENHOR: Eu sou gesseiro! JOVEM SENHORA: (tenta pegar o cartão mas ao fazer o movimento o jovem senhor recolhe o cartão e guarda no bolso novamente) JOVEM SENHOR: Oxi, não posso dar meu cartão pra senhora! Cartão eu só dou pra quem realmente vai usar meus préstimos, cartão é caro. (A jovem senhora ri, olha pra mim ainda rindo) JOVEM SENHORA: Mas se eu quiser fazer um dia algum trabalho com você como farei? JOVEM SENHOR: Nem sei se o seu marido bebe muito, vai que ele é daqueles que gostam de um bar e acha meu cartão na sua bolsa, a senhora sabe que hoje em dia todo mundo se mata por nada, eu é que não vou me arriscar. JOVEM SENHORA: Mas eu não sou casada! JOVEM SENHOR: Eu sei a sua idade! Aposto que vou acertar! (EU TREMO NA BASE. Tremo porque penso na reação da jovem senhora se ele errar para mais.) JOVEM SENHORA: Quantos anos você me dá? JOVEM SENHOR: 37! JOVEM SENHORA rindo diz toda feliz: Tenho 40! Obrigada! (PENSO QUE ROLOU UM CLIMA E EU TÔ SOBRANDO. Afinal eles tem muita coisa em comum, ele caiu do andaime, o irmão dela também…) JOVEM SENHORA: Sabe que outro dia minha patroa disse que queria por gesso no teto de casa, é muito caro pra por? JOVEM SENHOR: Aíí já é caso para eu começar a pensar em te dar meu cartão. JOVEM SENHORA RINDO: Mas quanto fica? JOVEM SENHOR: Sabe que eu tô com muito trabalho ultimamente e tem ainda a dor nas costas do andaime, acho que não dá pra pegar trabalho pro mês que vem mais. Quantos anos você acha que eu tenho? JOVEM SENHORA RINDO: uns 59. JOVEM SENHOR COMEMORANDO: Nossa! Na mosca! (JOVEM SENHORA comemora com sorriso inalante sua avidinhação.) JOVEM SENHOR: Eu sou colocador de gesso! A jovem senhora pede licença e diz que vai passar a catraca. O jovem senhor não entende nada e eu aproveito pra passar junto, antes que sobre pra mim. Encosto ao lado da jovem senhora que ri querendo dizer tudo o que está sentindo por gestos bem subliminares com olhares apontando para o jovem senhor. Vejo duas moças de 20 anos entrando no buzão. Elas encostam no degrau da porta que não abre. Ao lado do jovem senhor. JOVEM SENHOR VIRA PARA AS MOÇAS E DIZ: SOU GESSEIRO, COLOCO GESSO! Fico triste porque acabei de chegar no ponto que tenho que descer, queria ver o final desta conversa após escutar as duas meninas dizendo que só vão descer no ponto final e ele respondendo: EU TAMBÉM.

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