TROQUINHO . . .

Você liga. Ele liga.
Você não liga. Ele não liga.
Ele fica lá, sem entender bem o porquê, uma vez que você até tinha motivo pra ligar (e sem, desta vez, precisar inventar!)
Aí você liga!
Ele fica contemplando o visor, sorrindo com cara de “eu sabia que ela não ia aguentar”.
Deixa tocar mais duas vezes para só depois te atender.
Rótulo da ação: Fazendo charme.
Tipo de charme: De quem não está nem aí.

Você chama. Ele chama.
Você não chama. Ele não chama.
Fica ali, só esperando pra ver até onde você aguenta.
Você não aguenta e chama ele.
Ele fica olhando pro relógio. Já impaciente verifica se passaram 3 minutos. Passou. Ele então te responde.
Rótulo da ação: Fazendo charme.
Tipo de charme: De quem não está nem aí.

Você o ignora. Ele a ignora.
Você o designora, deixa o orgulho bobo de lado e parte pra cima.
Ele instantâneamente torna-se a pessoa mais fria do planeta!
Tratamento formal. Bom dia, obrigado e por favor.
Nada de beijos, até mais… novidades?
Aí você o ignora. Ele então te designora. Deixa o orgulho bobo de lado e parte pra cima.
Você instantâneamente se torna a pessoa mais fria do planeta!
Tratamento hospitalar. Está precisando de alguma coisa? Está tudo bem com você? Se apareceu deve ser caso de urgência!
Nada de diminutivos, de sorrisos ou de descontração.
A mocinha totalmente extrovertida ficou séria de repente! Séria como nunca foi nem com a ligação do telemarketing ativo.

Aí ele brinca. Sorri. É simpático. Muda o jogo.
Aí você brinca. Sorri. É simpática. Cai no jogo.

Papo de dois meses é colocado em dia. Sentimentos de raiva frutos das ignorações todas, são colocados em pauta e ele ri por dentro por ter a confirmação de que naquele diiiiia que ele queria te irritar, ele de fato te irritou.
O peixe morre pela boca, mas como não contar tudo se mesmo sem percerber vocês gostam de conversar e contar…hum…digamos…TUDO?
Rótulo da ação: Confiança.
Tipo de confiança: A conquistada.

Ele te chama e você não vai.
Não vai porque não pode.
Sem nem querer saber o porque, de guerreiro Jedai ele passa para a condição de Jaspion.
Sai na fúria e puxa conversa com a primeira pessoa do sexo feminino que lhe esbarra pela rua.
Após o terceiro copo, fica irritado. Fuma mais um cigarro e descobre que não quer mais ficar irritado.
Aí ele te liga e diz que não quer mais se irritar.
Por consequência, o sentimento de culpa toca a campainha e uma voz muito maldoza e pretenciosa grita repetidamente: Sua burra! Sua burra!
Rótulo da ação: Te deixar mal pelo que você fez (ou deixou de fazer). Assim ele não fica irritado sozinho.
Resultado da ação: Alcançado!

Você o chama  e ele não quer.
Você quer desirritá-lo. Pergunta se está melhor (por conta do que disse no dia anterior quando você não foi) e ele se irrita novamente.
Se irrita porque sabe que você percebeu que ele ficou irritado.
“Melhor impossível”, ele responde.
Aí você se irrita.
Se irrita porque *odeia*  ironia.
“Mais alguma coisa?”, “De novo isso?”,  “vou tomar banho” (em uma sexta feira às oito da noite) são típicas frases irônicas que te irritam.
Aí você desliga. Ligou pra desirritar, pra apaziguar e quem ficou irritada foi você.
Rótulo da ação: Levantar bandeira branca.
Resultado da ação: Voltar com ela toda suja para lavar, e muito irritada por isso. Enquanto ele comemora porque hoje quem está irritada é você.

TROQUINHO :

Rótulo da ação: Encontrar a resposta mais cobiçada do momento: Porque as pessoas agem na base do troco? Dão na medida que recebem e quando não recebem colocam na geladeira?
Resultado da ação: Somos seres pensantes e extremamente mimados. Não gostamos de ouvir não. Queremos tudo na hora que desejamos. O braço cairia muito bem, quando nos oferecem simplesmente a mão que não tinhamos e o orgulho é a causa de todo este reboliço! Fazemos das nossas ações um jogo diário. Vivemos pisando em ovos, fazendo a curva para não enfrentarmos os problemas que vem pela frente, e não agimos mais com o coração. Não sabemos admitir o que sentimos porque quando fazemos somos podados pelo charme do “não tô nem aí, pra mim tanto faz, sou inabalável”.

SOLICITAÇÃO FINAL: Deixemos de fazer joguinhos de gato e rato, dando o troco por ações anteriores que nem bem vamos atrás para saber o porque aconteceram, e fazemos então, com que assim nossas vidas sejam muito mais fáceis de se entender.

ô povo que gosta de complicar!