Me sinto dentro do filme A CASA DO LAGO. Temos a mesma vista, mas em épocas diferentes. Da minha janela eu tenho a vista do seu passado perfeito, onde há 10 anos atrás você enxergava, sem saber, o meu futuro. Vejo a luz do seu banheiro ligado, vejo você fumando da janela do quarto para esta vista encantadora que temos. Vejo você feliz, em um tempo glorioso onde você passava horas se arrumando para acabarmos nos encontrando naquele mesmo bar, nas quartas de Joe, nas quintas de Elvis, nas sextas de Rock ou nos sábados de “não sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também”. As vezes nas terças de barzinho e violão e segundas de Beatles. Nos finais de noite no Frans ou detonando um lanche em algum lugar devidamente acompanhados do “nosso” eterno amigo em comum, companheiro inseparável de noitada que você fazia questão de encontrar no posto naquele tempo, naquela sua vida passada feliz. Hoje sou eu que tomo café na hora da novela das 8, naquela casa que fica entre o seu passado e o meu futuro. Hoje sou eu que deixo a luz do banheiro ligada para dormir e que fico da janela observando da mesma vista o seu passado intenso, sem a parte do cigarro. Esta parte deixo sempre pra você… Vivemos a mesma vista em épocas diferentes, estamos há 10 anos de nós mesmos. Tentando, como naquele filme da Casa do Lago, encontrar um lugar no futuro ou no passado para nos reencontramos. Marco então um encontro com você. Eu no meu 2013, você no seu 2003, mas confesso que prefiro te encontrar naquele nosso passado perfeito (da onde jamais deveríamos ter saído) do que em um futuro desconhecido ou naquele nosso meio do caminho. No passado. Em 2003. Gosto daquele você. Que achava o máximo estar com aquela de mim.